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Opinião Crônica sobre a saúde masculina

Câncer de próstata

Novembro Azul

Os prédios das cidades iluminados de azul substituindo o rosa indicam que mais um Novembro se iniciou. E com ele, a necessidade de falarmos sobre a saúde masculina.

Em 2003, na Austrália, dois amigos (Travis Garone e Luke Slattery) numa daquelas conversas de bar discutiam sobre a antiga moda de se usar um bigode. Numa brincadeira entre amigos, iniciaram uma campanha para arrecadar fundos e alertar sobre a saúde masculina e o câncer de próstata. O movimento “Movember”, como ficou conhecida a campanha (junção de “moustache”, bigode em inglês com “November”, novembro) chamou a atenção do mundo sobre a necessidade de informação, conscientização e cuidado com a saúde do homem.

Movember

Este alerta se faz importante pois não é da cultura masculina procurar por auxílio médico sem que esteja sentindo algum sintoma. Uma das diferenças que vemos com relação à saúde feminina é que, desde muito cedo, as meninas quando deixam seus pediatras, encontram na ginecologista a sua médica para a vida. Os meninos, depois da adolescência, raramente frequentam o consultório de um outro especialista que possa acompanhar e orientá-los sobre a sua saúde. Ainda não é um hábito os homens adultos jovens passarem em consulta com o seu urologista para fazerem prevenção de diversas doenças. Desta forma, torna-se uma tarefa árdua convencê-los, agora no auge dos seus 50 anos, a fazerem a avaliação prostática. E o que mais se escuta é: “quando eu sentir algo, procurarei ajuda”. 

Infelizmente, o câncer de próstata nos estágio iniciais não causa qualquer tipo de sintoma. E é nesta fase que as chances de cura são maiores. Quando ele se manifesta através de dores ósseas, insuficiência renal, dificuldade urinária ou hematúria (sangramento na urina), muitas vezes já está em estágio mais avançado, não havendo chances de cura. Apesar de haver bons tratamentos que aumentam a sobrevida destes pacientes, muitos morrerão em virtude da doença. Esta é a neoplasia mais comum do homem (excetuando os tumores de pele não-melanoma) e acomete aproximadamente 66.000 novos casos e mata 16.000 homens, todos os anos. São mais de 43 mortes por dia por uma doença que tem tratamento efetivo.

Então, quando o homem deve passar no urologista para fazer o rastreio do câncer de próstata?

A resposta, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia é: aos 45 anos se tiver fatores de risco (parentes de primeiro grau com câncer de próstata ou se for da raça negra) ou aos 50 anos se não tiver estes fatores de risco. Além da história do paciente, é necessário fazer o exame físico através do toque retal da próstata e coletar o exame de sangue que é o PSA (antígeno prostático específico). E no consultório, muitas vezes é preciso respondermos a esta questão: “mas só o exame de sangue não é o suficiente para este rastreamento?”. E a resposta é categórica: NÃO! Porque até 20% dos tumores não elevam os valores do PSA e quando associamos o exame físico, aumenta a acurácia ainda mais para um diagnóstico precoce.

Estes exames são indicativos de que algo possa estar errado. Mas nenhum deles tem o poder de fazer o diagnóstico de câncer. Para isso, a biópsia de próstata é o exame determinante. Com o avanço das técnicas de imagem, cada dia mais, realizamos exames adicionais que podem nos auxiliar a fazermos diagnósticos mais precisos. 

Até aqui, muitos poderão dizer: “muito bem… mas não tem nada de novo nos dias atuais?”.

Parece um mantra a afirmação de que “a medicina tem evoluído muito nos últimos anos” e com relação ao câncer de próstata, afirmo que isso acontece numa velocidade impressionante. E em todas as áreas, os últimos 5 anos têm sido de grandes descobertas e aprimoramentos: desde o entendimento da genética da doença, passando pelo diagnóstico mais preciso, no tratamento com diversas alternativas quando na doença inicial e no tratamento da doença avançada (metastática). Tudo isso contribui para a cura, para o aumento da sobrevida com qualidade de vida.

Mas não é só de próstata que o homem é feito… muito pelo contrário. Doenças como hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemias (incluindo a elevação do colesterol), sedentarismo, tabagismo e etilismo são outras causas de piora da saúde, diminuem os anos de vida desta população e devem ser diagnosticadas e tratadas adequadamente. Esta é a função e, por que não dizer, a missão do urologista. Cuidar da saúde do homem.

A minha recomendação para todos os homens é que, independentemente da idade, tenham o seu médico de confiança. Escolha alguém que possa lhe informar sobre os reais benefícios da prevenção e dos cuidados com a saúde de uma forma global. 

Estamos vivendo um momento delicado quando falamos de saúde em qualquer meio de comunicação. Isso porque há muita informação disponível. Há muito conteúdo bom, inclusive nas mídias sociais, mas há muita desinformação. E não é infrequente, ouvirmos muitas boas informações seguidas de conclusões pessoais incompatíveis com o que temos de melhor evidência na ciência médica. A formação de um urologista leva 12 anos. Não é um caminho fácil de ser percorrido. Com o avanço da ciência, é ainda mais difícil pois é muito conteúdo para ser aprendido e aplicado. 

Como reflexão, não acredito que o número de “seguidores” seja significante para confiabilidade de um médico. Não significa que quem tem muitos “seguidores” seja um profissional ruim (melhor deixar claro para não ser alvo de algum “hater”). Mas a escolha de um bom profissional não passa pelo número de seguidores que esta pessoa tem. A sua formação técnica, sua dedicação e amor à profissão e aos pacientes e principalmente o seu caráter, para mim, são os pontos decisivos.

14 de novembro de 2022

por Dr. Alvaro Alexandre Dias Bosco

Urologia. Clínica Vialiv