O Câncer de Próstata é.o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas dos tumores de pele não-melanoma. A cada 7 minutos é feito um diagnóstico desta neoplasia e há um óbito a cada 40 minutos. O INCA (Instituto Nacional de Câncer) estima para 2021 65.840 novos casos.
Infelizmente, a doença em estágios iniciais não causa qualquer tipo de sintoma e quando há sintomas, normalmente a doença já está em estágios avançados. Isso é o que acontece em 20% dos casos. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) mostram que a mortalidade pelo câncer de próstata aumentou em 10% entre 2015 e 2019.
Apesar de falarmos em prevenção, até o momento, não é possível realizar qualquer tipo de medida para se evitar o diagnóstico. E os fatores de risco principais são: raça negra e histórico familiar de cânder de próstata. Quando o paciente tem o pai com a doença, seu risco é de 2x. Se tem um irmão, 3x e se há mais de 2 parentes de primeiro grau, há um aumento de 5x.
O dado positivo é que se a doença for diagnosticada em estágio inicial, tem 90% de chance de cura. E para isso, é necessário o rastreamento através dos exames de rotina com o PSA e o toque retal.
Com a pandemia pela COVID-19, os recursos para a saúde ficaram escassos e o sistema de saúde estressado. Além da pandemia diminuir a circulação das pessoas pelas unidades de saúde, estas foram readaptadas para atenderem às demandas dos novos pacientes acometidos pelo novo coronavírus e exames complementares ficaram menos disponíveis para pacientes portadores de neoplasias.
Várias sociedades de urologia pelo mundo, ao início da pandemia (como a brasileira e a canadense), ponderaram sobre a possibilidade de interrupção do rastreio da doença e até mesmo o adiamento dos tratamentos para casos não considerados de alto risco. Com o passar dos meses e persistência da pandemia, observou-se uma queda significativa de avaliações de rotina com os urologistas, exames de PSA e de tratamentos neste período. Dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) indicam que houve diminuição de 33,5% de consultas urológicas no SUS e 21,5% de prostatectomias radicais (cirurgia para remoção da próstata) entre 2019 e 2020.
As consultas com urologistas continuam baixas até julho de 2021 com taxas de 15% inferiores ao período pré-pandemia.
As biópsias de próstata (exame que faz o diagnóstico após suspeita clínica com alteração do PSA ou toque retal) também estão muito abaixo do número de procedimentos realizados anteriormente. Em 2019, foram 40.408 enquanto que em 2020 foram 31.888 e até agosto de 2021, apenas 21.539.
Uma vez que os recursos para a saúde no Brasil são escassos e há uma demanda reprimida de pacientes que estão atrasados nas suas avaliações urológicas é importante que seja feito um esforço conjunto para diminuirmos o tempo de espera para avaliações urológicas, exames de PSA, biópsias além de tratamentos com cirurgia ou radioterapia. Acredito que com inteligência é possível fazermos rastreios inteligentes e priorizamos os casos urgentes. Estamos correndo o risco de vermos aumentar nos próximos anos, ainda mais, a mortalidade pelo câncer de próstata no nosso país.